Lisboa Dakar 2007

O maior rali do mundo.

setembro 22, 2006

VW NO ANO DO TUDO OU NADA


A aposta da Volkswagen no "Dakar" começou em 2003, com os buggies Tarek, modelos que a marca fez alinhar para ganhar experiência enquanto desenvolvia os Race Touareg, com os quais pretendeu, desde logo, alinhar em 2004 em busca da vitória. Entretanto, o triunfo continua a tardar, o que apenas pode surpreender os alemães, que foram demasiado optimistas.Bastar-lhes-ia ter olhado para o exemplo da sua rival Mitsubishi, que alinhou pela primeira vez na prova em 1983, e que, se conseguiu ganhar em 1985, teve de esperar sete anos até voltar a saborear o triunfo.A marca alemã já percebeu que um mega investimento não é garantia de vitória, embora, o ano passado, tivesse tido um bom desempenho, apesar de parte do seu domínio em Marrocos ter sido mais consentido pelos pilotos da Mitsubishi do que real.Contudo, apesar de ter havido uma grande evolução face aos anos anteriores, graças ao Race Touareg 2, este ainda acusou alguns problemas de fiabilidade. Este facto, aliado à falta de experiência de Carlos Sainz nas pistas de deserto, ajudou a fazer os pratos da balança pender para o lado da Mitsubishi, onde Dominique Serieys, o director desportivo da marca japonesa, deu uma lição de táctica a Kris Nissen, o seu homólogo da VW.

Recuperar terreno


Para vencer o Lisboa-Dakar de 2007, a Volkswagen tem de recuperar terreno, e, para já, Kris Nissen deu a entender que já aprendeu algumas lições. Em primeiro lugar, compreendeu que é quase impossível assegurar a logística para fazer correr seis carros (cinco oficiais e um privado) no "Dakar", como aconteceu este ano, já que, para além de ser uma tarefa homérica, também foi um foco de desentendimentos
Jutta Kleinschmidt era uma prima--donna que não lidou bem com o estatuto de "super-estrela" de Carlos Sainz, enquanto que Bruno Saby cobiçava os salários dos outros dois, o que não contribuiu muito para o estabelecimento de um bom ambiente no seio da equipa germânica.Este problema foi resolvido de forma radical: Jutta Kleinschmidt e Bruno Saby foram dispensados, ao mesmo tempo que surgiu a confirmação de Carlos Sainz e Giniel De Villiers, talvez a melhor opção que a equipa já tomou ao nível de pilotos.


Para escolher os restantes nomes, a VW tem utilizado os testes que realizou para avaliar o desempenho de um lote de convidados, que incluiu o americano Mark Miller, o alemão Matthias Kahle, o francês Thierry Magnaldi e o finlandês Ari Vatanen
A escolha pode parecer fácil, mas a formação da terceira equipa acabou por ser óbvia. Mark Miller não é um ás de trunfo, mas é americano, e o patrocínio da Red Bull exige um piloto americano, pelo que Kris Nissen não tinha muitas opções. Restará saber se a Volkswagen irá manter uma estrutura semelhante à da Mitsubishi, com apenas três carros, ou se avança com um quarto Race Touareg 2. Se assim for, Kahle não tem experiência e Vatanen só pode garantir mediatismo, embora, a esse nível, a equipa esteja bem servida com Carlos Sainz. Por isso, a opção Mganaldi é a que faz mais sentido, sobretudo depois do último "Dakar" realizado pelo francês. Contudo, a derradeira palavra será de Kris Nissen, e as suas opções são muitas vezes incompreensíveis.Com apenas três carros, a VW poderá ter uma logística mais ágil e operacional, tanto mais que haverá uma estrutura para os Race Touareg 2 oficiais e uma outra, autónoma, gerida pela Phoenix (uma equipa que já trabalhou com a Audi no DTM), que terá a responsabilidade de assistir carros semi-oficiais, como o Race Touareg que a Lagos Sport inscreveu para Carlos Sousa.

Testes do Touareg 2


Enquanto que tarda a definição dos pilotos, a VW aproveitou a deslocação ao Rali da Tunísia para ficar no deserto, onde realizou longos testes de desenvolvimento do Race Touareg 2. Utilizando três carros diferentes, a equipa fez comparações com alterações ao nível do motor 2.5 TDI, onde foram utilizados componentes novos ou modificados; no campo da transmissão; e também ao nível das suspensões, área onde os engenheiros procuraram um novo compromisso ao nível da eficácia em mau piso e o conforto exigível para os pilotos, que passam longas horas ao volante. Das conclusões pouco se sabe, para além do facto de os pilotos não terem ficado muito satisfeitos com o trabalho da suspensão, que deixa o Race Touareg 2 algo flutuante e difícil de controlar. Estes testes, que decorreram sob temperaturas altíssimas, permitiram também que os engenheiros trabalhassem em termos de fiabilidade.

A EQUIPA PHOENIX

A Phoenix Sport é uma equipa com vasta experiência no desporto automóvel. Fundada em 1999, a sua actividade esteve basicamente ligada às provas de velocidade em pista e às provas de automóveis de Turismo, com destaque para o envolvimento no Campeonato DTM, onde geriu uma equipa Audi.Mas, para a estrutura sediada em Meuspath, perto do circuito de Nürburgring, as provas de todo-o-terreno não são um desafio inédito. No último Lisboa-Dakar reforçou a estrutura da VW Motorsport, assumindo a responsabilidade do Race Touareg 2, do americano Mark Miller. Este ano, Kris Nissen, director desportivo da VW Motorsport, decidiu dar novas responsabilidades à Phoenix Sport, que passa a ser uma estrutura autónoma da equipa oficial, encarregue de apoiar equipas semi-oficiais, como a Lagos Sport, que faz correr Carlos Sousa. Apesar disso, o seu trabalho será realizado em sintonia com a VW Motorsport, especialmente no que diz respeito aos aspectos técnicos.Ernst Moser, fundador da Phoenix Sport, admite que este projecto nasceu para apoiar a Lagos Sport, embora reconheça que tem capacidade para poder assistir um segundo Race Touareg, para além do que será utilizado por Carlos Sousa, "tanto mais que há mais grandes pilotos do que carros competitivos", como acrescentou.

BMW X-Raid os outsiders

Ninguém duvida que o motor de seis cilindros e 3,0 litros que equipa o BMW X3 CC da X-Raid é o melhor que está disponível nas grandes provas de todo-o-terreno. Contudo, a equipa tem outras dificuldades. Sven Quandt, patrão da equipa, e um dos elementos da família que controla a BMW, preocupa-se mais com os aspectos técnicos dos carros do que com a logística e a táctica que estão na base dos triunfos; e, para além disso, nunca conseguiu reunir os apoios necessários para investir num projecto que tem tudo para ser ganhador.No último Lisboa-Dakar, Al-Attiyah bateu com a porta e criticou a equipa pela falta de engenheiros e mecânicos, o que não permitia que a X-Raid pudesse lutar com os mais rápidos. Sven Quandt terá aceite as críticas e prometeu resolver a situação, garantindo uma evolução do motor biturbo realizado pela BMW Motorsport, que já hoje garante 280 cv, com um pequeno turbo que funciona a baixo regime, e um grande que lhe garante toda a potência. Ao mesmo tempo, assegurou a colaboração com a MAGNA Steyer, para evoluir a transmissão e a suspensão, para além de garantir uma equipa com mais engenheiros e mecânicos. É certo que são promessas, mas a chegada de Jutta Kleinschmidt à equipa é um argumento comercial na Alemanha, podendo garantir os patrocínios que podem dar outro nível à X-Raid, que também confirmou Guerlain Chicherit, a grande revelação do último Lisboa-Dakar.Talvez convencido com as promessas de Sven Quandt, ou porque a sua proposta não foi aceite na Mitsubishi, Al-Attiyah voltou atrás e já foi confirmado como piloto da X-Raid, o mesmo acontecendo com o espanhol José Luis Monterde, que irá fazer equipa com Jean-Marie Lurquin, o navegador que acompanhou Carlos Sousa este ano.

Publicação: AUTOMOTOR

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